Não adianta: você sempre vai ler, ver ou ouvir algo que vai estragar o teu dia. Então, comece por aqui.

17/04/2011

Império da individualidade



Desde que o mundo é mundo o homem constituiu a vida em grupo. O homem é um ser em evolução e sua tendência natural é sair do egocentrismo. Necessariamente a vida em grupo contribuiu para o crescimento de todos, na certa a união faz a força. Tivemos a necessidade de pertencer a grupos tipo família, trabalho...  Como resultado disso, surgiu a disputa de vários termos, território, bens etc. Junto com a disputa nasceu à individualidade, “eu comprei isso e é meu”, “eu quero alcançar aquilo e vou conseguir de qualquer jeito”, “a vida é minha e eu faço o que quiser”. São frases muito ditas hoje em dia. Em questão de querer e poder tentamos alcançar nossos objetivos através de forma que não são tão humanas. Devido a nossa falta de bom senso, perdemos a capacidade de viver em grupo, de ouvir opiniões alheias e aceitar o que nos foi proposto. A ideia do coletivo ficou pra trás, por isso que muitos casamentos hoje em dia, duram o mínimo que podem durar. A falta de conversa e humildade predomina nas relações e isso nos trás muita desvantagem. ‘Se eu não concordo com sua hipótese, pra mim não vale porque eu quero do jeito que eu pedi. ’ É desse jeito aí que a coisa vai andando, entramos num conflito entre nós mesmo, a ignorância e a arrogância estão agora em nosso meio. Pra alcançar nossos objetivos, passamos um por cima do outro sem querer saber se machucamos, se ofendemos ou até se prejudicamos a ponto de fazer alguém perder para eu ganhar. Na verdade, este é um dos problemas que a sociedade hoje enfrenta; A falta de conversa. Com isso o império da individualidade permanece.

Larissa

11/04/2011

O que resta de mim


Que pena paga um condenado pelos sentimentos. Nestas horas mortas que a noite cria, entre um e outro verso, que sob a pálida luz de uma vela eu escrevia, me chegavam antigas lembranças de um dilema. Quanto amargo é o silêncio que aqui faz sem você. Só produz lembranças!  No espaço onde eu habitava não me encontro mais.
No mesmo lugar está um velho par de sapatos que você deixou e tudo isso pergunta por você. Mas você não está. E não sei onde você está. Os dias são tão iguais, o vento toca a janela, não sei se sou tão capaz de conviver com essa sua  indecisão. Essa noite vou dançar sem você, tive que aceitar esse fim. Mas me perco em você.    E eu ainda estou aqui juntando o resto de mim. Posso até parecer normal, mas a tempestade que ainda vive aqui dentro começou desde o dia em que você se foi, deixando a porta do meu coração aberta para o frio entrar. E esse inverno parece nunca  acabar, frieza cresce aqui dentro. Sinto   não sentir-me mais, a cada minuto que passa tento pensar em  nós dois, mas sempre lembro de você. Só de você. Do teu olhar, teu sorriso, teu corpo, teu abraço, teu cheiro.  Lembro e sinto medo. Medo de me perder em você, porque você sempre volta com aquele seu jeito e me ganha, me fazendo me perder   de mim. Me trás de volta, tá na hora de você se decidir se vai ou quer  ficar, se for ficar me devolva para mim, sinto falta de como eu era antes de te conhecer e juntar-me agora com o que me tornei depois de não mais te ter, mas se você for leva-me contigo. Preciso te provar o quanto pode ser absurda a vontade de querer e não poder.  De procurar e não achar, a dor de amar e não ser amado. Tamanha é minha vontade de te fazer sofrer. Toda vez que você volta eu me perco um pouco mais, porque estou cansada de juntar os pedaços de mim que ainda faltam. É que sou feito do mesmo tecido que são feitos os sonhos. Tão pouco tenho vida, tão pouco já não existo. Mas o que ainda há são vestígios de mim. Entre a poeira e o mofo, o silêncio e a solidão, pedaços de mim pelo chão. 


Texto: Larissa Tamires

07/04/2011

Eu cansei





Cansei de fazer "isso" ou deixar de fazer "aquilo", porque é certo ou errado.
Cansei de tratar com educação quem merece ignorância.
Cansei de dar atenção a quem merece meu desprezo.
Cansei de dizer sim, quando queria dizer não. De mesmo estando mal, 
distribuir sorrisos e fingir que está tudo bem.
Cansei de hipocrisia, de ter que falar o que agrada e não o que penso.
Cansei de alimentar falsas esperanças. De sonhar, idealizar algo, criar expectativas
e no final dar errado. Estou cansado de ver que a primeira vez é a última chance, 
estou cansado de ser mal interpretado.
Cansei de nadar contra a maré.

03/04/2011

O começo do fim





Tudo começou com um breve silêncio. Nós não precisávamos de palavras para saber que alguma coisa crescia naquele espaço entre mim e você. Estávamos próximos, mas nossos olhares se divergiam e denunciavam o quão distante realmente estávamos. Você dizia que estava tudo bem, e eu continuava perguntando com a certeza de que você jamais diria algo além disso. Alguma coisa acontecia, e nós sempre chamávamos isso de "nada".
Admito que sempre tive os 'meus dias'. Aqueles em que me tornava a pessoa mais carente, sensível e preguiçosa do mundo.  Algumas coisas me irritavam. E nesses dias, isso era tudo quase insuportável. Eu te olhava e enxergava um estranho. Era você, mas não era o meu cara.  Um estranho que não sabia ou fingia não saber absolutamente nada sobre mim. Como daquela vez, que você não olhou nos meus olhos e deu risada ao achar que aquela lágrima era de brincadeira. Não era.
nunca gostei desse tipo de brincadeira, antes, você sabia disso.
Eu sentia falta dos seus abraços inesperados na madrugada. De fingir que não estava percebendo você me olhar dormir pela manhã. Da surpresa no trabalho e do seu sorriso sincero ao ouvir uma coisa idiota dita por mim naqueles momentos em que nada que eu falava prestava.
Eu não achava justo ter que mudar para agradar você. Eu queria ser simplesmente eu. Complicada, sem o perfeitinha.
Fui covarde. Tinha medo de decretar o fim, porque sabia que não conseguiria ir muito além de você. Cometi o erro de me tornar dependente dos seus raros carinhos. Isso tornou tudo mais difícil, porque a cada dia eu me esquecia um pouco de como era estar apaixonada por você. Eu te amava e precisava de você. Mas um relacionamento não sobrevive muito tempo sem paixão, calor e admiração.
A falta que eu sentia das suas qualidades, fizeram com que elas se tornassem defeitos. E isso pra você era carência.
Todo o meu esforço para te trazer de volta para nós dois sempre piorava as coisas.  Eu me via implorando indiretamente por um carinho e fazendo coisas que eu jamais faria. Cobrar não mudava nada. Se tem uma coisa que eu aprendi com você, é que em um relacionamento, amor e carinho não devem ser tratados como uma dívida pendente. Eles devem ser pagos à vista, sem rodeios, sem descontos ou parcelas. Agora, naquela hora ou nunca mais.


Bruna Vieira.