Tentando espremer a corrida entre uma aula e outra, entrei no elevador, de shortinho e pernões de fora, ao meio dia. Poluição, calor, celulite e muita determinação para os treinos para a Maratona de São Paulo, estavam bombando.
Eu naquela ânsia de começar logo a correr, me posicionei bem em frente à porta do elevador, quando ele parou um andar antes do térreo. Fui dando alguns passos para trás até que o Seu Antônio abriu a porta. Eu, 1,60m de altura, 65cm de coxa (pelo menos). Seu Antônio, 1,45m de altura (no máximo), 63 anos.
Seu Antônio olhava freneticamente para cima (não conseguia chegar nos meus olhos) e para baixo (festival de coxas), me deixando zonza e emocionada. Nunca imaginei que com 33 anos ainda conseguisse deixar alguém tão desconcertado e ruborizado.
Seu Antônio: Ooooopa, menina!!! (olhando para cima e para baixo sem parar).
Eu: E aí, Seu Antônio, beleza? (Tentando encontrar o seu olhar).
Seu Antônio: Vai correr? (olhando para cima e para baixo sem parar).
Eu: Vou. Estou treinando para a Maratona de São Paulo. (Abaixando a cabeça um pouco para ver se ele olhava para mim).
Seu Antônio: São quantos quilômetros? (olhando para cima e para baixo sem parar).
Eu: 42 quilômetros. (Ainda sem conseguir olhar nos olhos dele).
Seu Antônio: Fica tranqüila que você vai ganhar! (rindo e olhando para cima e para baixo).
Eu: Não, Seu Antônio. Eu corro só para participar! (Acompanhando com a cabeça o ritmo frenético dos olhos dele).
Seu Antônio: O importante é pensar que tudo vai dar certo.
Eu: É isso aí, Seu Antônio! Tchau!
Seu Antônio: Tchau, menina!
Nada como correr na rua e um monte de taxistas, pedreiros, entregadores de pizza, carregadores de mudança e motoqueiros falando mil baixarias e loucuras à respeito no nosso corpo e suas fantasias, para elevar a nossa autoestima, certo? Errado! Erradíssimo! Bom mesmo é encontrar o Seu Antônio no elevador.
{ Créditos Humor Feminino}